O casamento real
O casamento real.
Gemem as folhas varridas pelo vento
Silenciosamente na noite calada
Sussurram as velhas e moças se encantam
Aquecem-se ao redor da novata.
A Grande Rainha com sua cabeleira prateada
Recebe suas homenagens, meio entediada!
Entre bocejos vê a novata nua na madrugada
Aguardar o momento de ser sacrificada.
Chega enfim o grande momento!
O príncipe desce de seu corcel negro
Veio de longe das terras geladas do longo inverno
Para celebrar as bodas de seu casamento.
A noiva então estende seu pulso sangrando
E pronuncia aos silfos seu juramento
O noivo recebe as gotas do sacramento
Juntos irão se entregar ao recolhimento.
Os convidados do grande festim
Se apressam em apagar as cinzas da fogueira
Que antes ardia ao redor da clareira.
Na manhã sonolenta ainda desnuda,
O rei cavalga com seus pares pela floresta
Bem cedo pela manhã encontrou a rainha
Com faces muito alvas, pele perfumada.
Nenhum sinal de ter passado a noite toda acordada.
Após o casamento debaixo da clareira
Ao pé da grande fogueira de mãos dadas
Os convivas celebram o grande momento
A grande rainha e o novo rei estão comprometidos.
Acaba o frio inverno, a terra se renova
Brotam as flores da primavera
Gnomos se escondem sob o manto de musgo e hera
Em trabalho constante para a grande colheita.
A grande rainha estende seu manto
E na calada da noite ouve-se o virginal canto
Da novata aprendiz em seu primeiro encanto
Lábios febris ardem de desejo de receber beijos.
Os noivos se calam e se escondem
Cobertos com espesso manto de lã
Para afastar o frio das terras do inverno
E espantar os demônios vindos do inferno.
Os galhos das árvores serão archotes
E frutos maduros poderão ler a sorte
Se a união passageira dos consortes
Eternizará-se através da morte.
Gemem as folhas ao vento
E por um pequeno momento
Tem-se a impressão que o vento do norte
Foi muito mais forte.
Jaz na floresta entre pequenos arbustos
Alvas faces da novata cansada
Logo o rei montado em raro negror
Carrega consigo o segredo do amor.