PIANO, TOCA!...
- Piano, toca...
Toca uma vez mais para mim...
Ecoa sons pela sala vazia...
Merencórios sons...
Trarão de volta as luas...
Ressurgirão lembranças
Tuas...
Ao teu som, piano,
uma voz doce entrará por esta sala
e há de despertar
todas as canções em mim...
- Piano, em notas mágicas,
faz retornar a presença do amado!
Encanta-o e chama-o com o teu tom...
E, em "ele" vindo,
sairei da minha letargia
e cantarei,
e dançarei,
e amarei outra vez...
Rodopiaremos pela sala
dançando talvez um Minueto
ou uma valsa,
ou um bolero, talvez...
A tua música
fará com que eu vibre de novo
e sorria,
e me torne doce
cantando uma terna canção...
- Faz com que eu cante
como cantava ao seu ouvido
quando ainda não havia
esta nostalgia...
Faz vibrar em mim uma canção...
Silencia o lamento
e seca a lágrima
que desce pelo rosto...
- Piano, toca!...
Eu te imploro, toca!...
Mãos dedilhavam o piano
e dele tiravam notas de cristal!...
E "ele" ouvia o meu canto
o Acalanto,
Ode ao amor...
- Meu Anjo meigo,
retorna do passado!
Faz poesia e faz música pra mim
e eu me faço canção!
- Lembras-te? Eu "já fui"
uma Musa muito amada!...
(Ou uma triste mulher...
Muito enganada!...)
Hoje sou a sombra do que fui.
Fui? Teria sido?...
Sim, eu fui
aquela que te alegrou por algum tempo...
Aquela que te encantou por algum tempo...
Aquela que enganaste todo o tempo...
- Ou não?...
Já não mais sei.
As minhas lágrimas formam cristais
tão puros
Que, ao tocarem o chão,
o solo estremece...
Com o tempo
as lágrimas caíram no carvão
e veio "tempo-após-tempo"
em um enorme silêncio...
Do carvão surgiu o diamante,
Caleidoscópio brilhante,
Mas longe de minha mão...
- O que surgirá de mim?...
Se o piano tocar serei canção.
Se o silêncio imenso permanecer
Serei solidão...
Mas ao som do piano voltarei,
e, como a Fênix, ressuscitarei!
E haverá um novo amanhã...