LAMENTOS DE UM CIGANO
zelisa camargo
Nessa madrugada fria
onde a lua se esconde
o fogo arde e a dança ao redor
dessa fogueira
sento e observo as dançarinas do tempo
em sua ginga que entorpece me lento
trazendo saudades de ti minha cigana amada
e em rodopios saio a bailar a minha dor
e tentar esquecer esse amor imenso
de longas caminhadas
sempre em busca de ti,
do teu olhar que brilha
e enfeitiça a quem o vê
Mas teus olhos não olham a mim
tua dança seguem outros passos
acompanhando sua sina que escolheste
e nesse abandono apenas observo
o teu dançar nessa madrugada,
teu encanto, teus cabelos revoltos,
ondulados de um brilho incomparável.
Lágrimas descem serenas ao olhar-te longe
e sem poder nada mais dizer.
Fecharam-se as portas.
Nada mais a não ser continuar o sonho
que sempre acalentou essa alma errante
e perdida de tanto amor por ti.
Porque de tantos desencontros nessa vida
quando o amor é essencial e verdadeiro,
mas nunca entendido em sua total essência.
O que fazer para que você possa perceber
Meus ais, minha dor que carrego n'alma
Esse amor que busca incessantemente por ti
E nenhuma palavra....
Apenas o silêncio
E uma espera de que não sei.
E ao som dos violinos
continuo a dançar para nada mais pensar
e tentar esquecer esse imenso amor.
Mas impossível arrancar do peito o que lateja
Clama dia e noite por ti
Esse amor que caminha lado a lado com a solidão
Com a palavra que espero a cada amanhecer
Com tua chegada
Sonhos.....
Apenas sonhos de uma alma cigana
e no bailado continuarei
até não mais agüentar
e me findar no cansaço de mim
em busca de ti.
30.09.03
01.16'hs.