TE CAÇO, TE ACHO


Procuro você entre as canções
guardadas nos velhos discos
que costumávamos ouvir em silêncio
largados no tapete da sala,
entre almofadas e rabiscos
feitos com giz de cera em papel sulfite;
te procuro nas molduras empoeiradas
sobre a estante posta varanda,
te procuro nos versos que escreivi sozinho,
nos livros, nos gibis da Mônica,
nos filmes antigos da Sessão da Tarde,
te procuro em cada despedida,
te procuro no turbihão das minhas lembranças,
te procuro nas minhas rezas e súplicas,
implorando a DEUS a sua volta.
Em tudo você está.
Em tudo eu consigo te encontrar.
Mas eu sofro; é grande meu padecer
pois procurando em ti
não consigo encontrar comigo em você.
Você se esconde.
Vai pra não sei onde,
mas eu te acho.
E toda vez que acontece esse encontro
eu me perco totalmente no que será um
grande desencontro
e que me fará clamar pra te esquecer,
pra te arrancar de dentro do meu peito,
pois você é a vida que me traz a morte
em todos os meus momentos do dia,
e todo dia é meu eterno viver sem sorte.
Te procuro e te acho.
Mas queria eu nunca mais te ver.
Basta a possibilidade de te amar
mergulhado no meu silêncio,
imóvel como um carvalho
vigiando o dia que caminha para dentro da noite.


luznaentradadotunel
Enviado por luznaentradadotunel em 17/09/2008
Código do texto: T1182811
Classificação de conteúdo: seguro