ALTO VALOR

ALTO VALOR

Um dia cinzento

Estou em véus pesados

poeira do tempo

Carrego horas exaustas

Entre bares por consolo

O horror da gente vazia, faces ridículas

Copos espumosos, vozerio efêmero

Gargantas puídas, verborrágicas

Caminho entre palhaços e lodo dos fracassos

Chutando folhas velhas, estilhaços outonos

Nas ruas, vitrines das fantasias

Meu reflexo, um pesadelo absurdo

Arrumo cabelos, passo batom

Escuto, ao longe, um som

Talvez Chico ou Tom

Sinto o piscar de luzes,

sombra ou estrela?

Corro em busca, sem preço

Algo novo indolor

Retirando de mim, velhos cremes e crimes

Talvez em um livro de um poeta

Que fale só de amor, o alto preço

Que retire os meus véus cinzentos

De luto e dor... sujeira

Algo incolor, perfume, valor

Que eu dance pelas ruas, nua

Entre flores chuvas, mares

Quente poesia, um agasalho

Um coração bandido bordado

Por um fio

Um nome

Neon.

Cíntia Thomé

Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 17/09/2008
Reeditado em 19/09/2008
Código do texto: T1182781
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