ALTO VALOR
ALTO VALOR
Um dia cinzento
Estou em véus pesados
poeira do tempo
Carrego horas exaustas
Entre bares por consolo
O horror da gente vazia, faces ridículas
Copos espumosos, vozerio efêmero
Gargantas puídas, verborrágicas
Caminho entre palhaços e lodo dos fracassos
Chutando folhas velhas, estilhaços outonos
Nas ruas, vitrines das fantasias
Meu reflexo, um pesadelo absurdo
Arrumo cabelos, passo batom
Escuto, ao longe, um som
Talvez Chico ou Tom
Sinto o piscar de luzes,
sombra ou estrela?
Corro em busca, sem preço
Algo novo indolor
Retirando de mim, velhos cremes e crimes
Talvez em um livro de um poeta
Que fale só de amor, o alto preço
Que retire os meus véus cinzentos
De luto e dor... sujeira
Algo incolor, perfume, valor
Que eu dance pelas ruas, nua
Entre flores chuvas, mares
Quente poesia, um agasalho
Um coração bandido bordado
Por um fio
Um nome
Neon.
Cíntia Thomé