Fique longe de mim...

 

Cerra a mim tua boca!

Cala-te!

Guarda para ti tua “fogueira de vaidades”!

Afasta de mim tuas coerentes verdades,

guarda para ti tua superioridade louca

esta tua real necessidade

de dizer o que tem que ser dito,

porque pensas que tem que ser assim;

pois tua dor, se não é nada, é pouca

uma vez que não gostas de mim...

 

Um coração que ama

desconhece as razões da realidade,

voa no onírico inexplicável, ama e fim...

A ele não importa o que tu és hoje

nem se tu já me esquecestes,

ou mesmo se tu seres amada mereças!

Ele apenas ama

assim como Deus é !

 

O amor a este que te fala é passado, bem sei

se é que um dia tu o tivestes

mas desnecessário é por ti apregoá-lo aos quatro ventos,

e nem vir expor-me razões pra que eu te esqueça...

Meu coração não é igual ao teu

que à semelhança de uma"biruta"

muda ao vento,

como ele muda...

 

Penso que  completamente tu desconheças,

e nem mesmo se importe, que meu amor por ti é presente,

e, nem sabes que

vive e veio sadio comigo do nosso passado.

Inexplicavelmente ele,  sem que eu queira,

habita este meu coração sempre a ti tão dedicado

que reclama, grita e chora, todos os dias,

a tua presença.

 

Cala-te portanto e fiques longe de mim,

o mais que puderes...

Não fales comigo, não me dê presentes...

Faça-te a mim, completamente ausente...

 

Estas foram as tuas palavras!

Águas amargas de absinto que me deste

originadas de teu coração insensível...

 

Tapaste-me de ti os olhos e a boca,

proibiste-me a inspiração, cingistes-me as mãos

e de bobo, chamas-tes a este meu coração

que tanto te ama, te sonha, admira e te quer...

 

Eis que me abandonaste, deixaste-me sozinho...

Não estás satisfeita com isso?

 

Só o que te peço

é que permitas-me a vida...

Fique, com tudo que é teu e te pertence

 mulher...

 

Faça do teu mundo,

a ti sábio e bom proveito...

Só te peço que

no futuro tu não venhas,

cheia de arrogância, empostada nas tuas razões

ferir-me de morte com suas petulantes verdades

escrever-me, ou dizer-me friamente

___Eu já te esqueci...

Melhor então, é tu deixar-me só,

e,  nesta solidão, nesta ilusão de amar-te,

deixe-me aqui, 

para sempre,

aqui...

minha senhora...

 

E vá de uma vez... para sempre

embora...


Athos de Alexandria  16-09-2008