AS MÃOS DE MEU PAI...
Meu pai:
Quando eu era pequenina
Colocava a minha mão
Na tua grande mão!...
E a tua grande mão me agasalhava
E com todo o carinho me cuidava
E me apontava a direção...
Eu vi das tuas mãos brotarem flores...
E as vi também sangrar
De tanto ajudares a carregar
Muitas dores, muitas cruzes,
Que, dos outros te puseste a amparar,
Voluntariamente...
Eu vi tuas mãos sempre dispostas
Ao trabalho – ao quais os outros se negavam...
Eu vi tuas mãos
Consagrando,
Inspirando,
Consolando,
Abraçando...
Perdoando...
E muito vi tuas mãos em oração!...
Hoje minhas mãos cresceram
Mas nunca chegarão a plantar sementes como tu!...
Nunca chegarão perto de tuas grandes mãos...
Eu vi da tua mão brotarem flores...
Eu vi tua mão calmando dores...
Eu vi tuas mãos, com energia,
E, em gestos largos, pregar tua mensagem
De amor e salvação no Cristo Redentor!
Eu vi tuas mãos rejeitarem o pecado,
Mas perdoar o pecador!
Eu vi tuas mãos repelirem
A vileza e a corrupção
E jamais se entregarem à subversão,
Pois eram mãos impregnadas pelo amor/perdão!...
Consagração...
Consolação...
Ação...
Pai, quanto orgulho eu tenho de ti!...
.....................................................(Escrita em 29/04/1984).......
Neste dia, meu pai,
Eu queria beijar de novo as tuas mãos...
Mas elas, postas em oração,
São qual incensório junto a Face do Senhor
Que amavas tanto...
Na tua visão
De “imortalidade pessoal e consciente”
Deves estar trabalhando nos campos do Senhor
E cantando, ó “Trombeta de Prata”,
Teus preferidos Hinos de Louvor!...
Pai, na hora derradeira,
Eu beijei tuas mãos sem vida terrenal...
Mas eu tinha certeza que serias
Acolhido na Mansão Celestial!...
Pai, hoje eu inda quero colocar a minha mão,
Na tua grande mão de Semeador...
Envia-me um pouco de tua força
Sempre em contínua oração!...
Na hora derradeira,
Eu segurei tua mão...
Teu exemplo me acompanha nesta vida
E ainda me mostra a direção...
Que eu possa deixar para meus filhos
A estrada de luz que me legaste...
E que eu um dia inda te possa ver
Junto ao Senhor que tanto amaste!...
(16/set/2008)
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NOTA: meu pai era Reverendo da Igreja Anglicana.
No Seminário, estava sempre cantando Hinos a Deus, com sua bela voz de tenor! Foi apelidado então, pelo Reitor do Seminário, Bispo Dom William Thomas, como “Trombeta de Prata”... Durante 50 anos trabalhou como Reitor na mesma Paróquia, pois o “seu povo” não deixava que o transferissem.
Lamento não ter-lhe dado para ler a poesia que escrevi em 1984...
Hoje eu a complementei...
Tarde demais? Não sei...