ESCRAVOS DA POESIA
Entre as grades douradas da inspiração...
Numa hipotética, suave e domiciliar prisão
Vagamos num mundo de sonho e mistificação
Tendo como cruéis grilhões de exploração...
Só a mente. Um livro aberto nos tempos
Por onde se registra os intensos momentos
No corpo... Uma maresia de sentimentos
Tratados com esmero pelo cultivo poético
Versos soltos, libertos, em suas dimensões
Rascunhos do calor das maiores ardências
Sob o papel... Sugado pelas alucinações...
Que manifestadas orientam às emoções
Mãos soltas, carentes. Invadem às saliências
Dedilham as notas musicais e a sua cadência
Das presenças... No silêncio da consciência
Construídas pelo labor, esforço e constância...
Onde o respeito e o amor dão a consistência
Fortaleza das grades cercada da frenética poesia...
Que encanta em suas chamas. Dissemina e inebria
Venturas sem fronteiras. Imunes à censura!
Lago de sentimentos. Um vão que nos sacia
Onde se navega, se mergulha... Mil estripulias
Entre os muros do coração sem fissura
Habitam com beleza e cheiro de framboesa
Descarrilados amantes. Escravos carentes
Do nascer ao sol poente. Seres versejantes!
Mistificando o tempo no fascínio do vento.
A natureza sorri como a nos estar seduzindo
Prisioneiros e cativos... Somos almas sapecando
Lá do fundo das suas vísceras um só pensamento
Que o amor vença sempre! Todos os sofrimentos...
Longe das burocracias. Investidos um pelo outro...Noutro!
Com a confiança semeada, nascida, regada e amadurecida...
Através dos poemas que vão aparecendo pelas madrugadas
Criando a linguagem da nossa saudável e plena intimidade
Onde o riso é o combustível e o diálogo: O da sinceridade
Assim! Com estes alicerces o que era prisão...
Vira felicidade!
Dueto: Salomé & Hilde