Entre almas
Quando solto no espaço
Perdido na vida
De espírito ensangüentado
Caído após a maratona
Apego-me à sua alma de bombom
Vem à tona o menino sentido
O que brigou, mas apanhou no final da aula
O que saiu correndo atrás das pipas enão pegou nenhuma
Dormiu na missa
Ficou de joelhos machucados depois do futebol
E tendões ardidos e estendidos com a batida no chão seco.
Sou ainda o menino que escorre o nariz em meio a poeira
Fica preso no banheiro
E se queima na fogueira em tempos de São João
E recolhe santinhos feios na eleição
O que não entende a angústia da mãe
A vulnerabilidade do pai
A maldade de quem inventou aulas e lágrimas
Infelizmente cresci
Como o apóstolo Paulo penso diferente de criança
E, apesar de humano, não permito caídas
Viver um dia de cada vez
Deixar coisas pelo caminho
Chorar e rir sem dor
Bem vinda sua alma de algodão
Levantou-me da cama
Recriou meus méritos e escutou eternas lamúrias
Jogou-me para o alto e acreditou no meu caminhar
Tenho ciência da despedida e do tempo que passa
Sua alma de água vai voar junto a mim
O espírito de pássaro vai chover sobre nós
Permanecerei tal como estou
Quieto, em minha misantropia cega, esperando como sempre
O desespero passar...