AS BRUMAS DE UMA VIDA...
“De repente, do riso, fez-se o pranto...”*
A Elegia substitui o Acalanto...
Veste-se o negro véu do desengano
Cobre-se o corpo com o mais rude pano...
A aranha tece sua teia prateada
Que tem voltas mil, fica enrodilhada,
À espera dos amantes que nela caem sem ver
Pois a sina dos que amam é sofrer!...
O céu se tinge com ar de tempestade...
Enrodilha-se a alma na orfandade
E a solidão faz bruma ao que foi riso...
- Alma cansada, tão cinza a tua vida!
Esquece a dor, vai buscar guarida!
- Não posso! Ele levou o meu sorriso...
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*Vinícius de Moraes