Carta á doce Matilda

Ò minha doce Matilda,

Redijo uma carta de meus punhos sacros,

Em são estado de mente profana,

Para que meus frívolos dizeres cheguem a ti,

Por isso cala-te com pressa em tua fútil algazarra

E ouve minhas palavras de terna incoerência...

Ó minha triste Matilda,

Prostro-me lânguido aos pés de minha cama,

Em uma frustrada tentativa de esquecer-te.

Pois arde agora em rubro enxofre minh´alma,

Queima-me por inteiro a desesperança de reencontra-la.

Resta apenas o pó onde antes estava minha felicidade...

Ò minha digna Matilda,

Tens papas na língua pois tornas a me explicar o incerto,

Não penses tu que desleixo defronte a teu cândido amor

Pois não mais vejo o tão belo alvorecer como antes via,

Não mais beijo as estrelas puras que encantam o negro céu,

Não mais, não sem ti, amada Matilda.

Ó minha pequena Matilda,

Daria meu mundo para estar agora ao teu lado,

Sentindo em minha face as suaves brisas de minha tão amada terra,

Recolhendo-me sob a aurora em teu cálido ventre,

Despreocupadamente sob a sombra de um esguio cipreste,

Sem ter em vista retornar ao tão soturno mundo que me aguarda...

Irei-me então sem mais delonga, amada Matilda...

Sangram-me as palavras que agora lhe redijo

Pois muito em breve irei expor-me novamente às graças da morte

Não sei se com vida retornarei posteriormente

Deixo então contigo o que restou de meu tão amargo coração...

Amo-te,

Venero-te,

Adoro-te...

Seremos um quando novamente palavras me faltarem,

Adeus

Daniel Palatnik
Enviado por Daniel Palatnik em 02/03/2006
Código do texto: T117568