A rosa e seu orvalho...
Era só um botão de rosa
vermelho, como fremente paixão,
E tinha uma gota de orvalho...
Tão lindo!... Chamava atenção!...
Na manhã de primavera
era uma ode ao amor...
Olhei tão bela quimera
Senti agradável olor...
Era único: a roseira
o ostentava, altaneira,
Tão só, tão puro, tão lindo...
Mais tarde, quando voltei
Para aguá-lo (eu o amei!)
Meu sonho estava findo:
Mãos grosseiras o arrancaram
E, com maldade, o pisaram!...
Senti lágrimas caindo...
Peguei uma pétala ainda
Pensei: mais um sonho finda...
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O orvalho?... Desvaneceu!
A lágrima... permaneceu!
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A beleza e a pureza
são sempre incompreendidas!...
Há sempre mãos inimigas
A tratá-las com rudeza...
Assim é a nossa vida...
Ter a beleza escondida
E a pureza incompreendida
Por mentes mesquinhas, vãs...
Por isso se põe as máscaras:
São formas de proteção!
Assim se vão as borrascas
e se vive na ilusão...
Sobe o palhaço no palco
mostrando falsa alegria
pois ele apenas queria
ter o orvalho em sua mão!
Sobe... (sobe ao cadafalso!)
pois sabe que vai morrer
e nunca, jamais, vai ter,
ante o olhar do mundo falso,
aquele botão de rosa
orvalhado na manhã!
Em meio a riso e prosa
se despede do amanhã...
Era só um botão de rosa
vermelho, como fremente paixão,
E tinha uma gota de orvalho...
Tão lindo!... Chamava atenção!...
Era a única verdade
enfeitando o seu caixão...