Se...

Não fossem as sombras constantes em teus olhos;

Não fosse essa ironia sempre presente

No teu sorriso; a alegria crescente;

A indiferença impiedosa e permanente,

Quem sabe se eu ainda te amaria?

Não fosse o teu desejo transbordante;

Não fosse o teu querer pulsante

Que busca e afasta, intermitente,

Aquilo que deseja; incoerente,

Quem sabe se eu ainda quereria

De tal modo voraz e persistente

Essa tua boca sôfrega, exigente,

Esse teu corpo ansioso e indolente,

Esse teu eu, tão meu e tão ausente.

Quem sabe se eu ainda existiria?

Shirley Carreira
Enviado por Shirley Carreira em 10/09/2008
Código do texto: T1171211
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.