SAUDADE
Carnes distantes, espíritos unidos.
Sujeito do mato,
Lobo solitário
Desesperado, sentado e uivando.
Buscava a sua amada
Quando a lua passava.
Espírito confiante
Todas as noites
Era iluminado
Pelo espírito da amada
Mesmo não a tendo,
Não a possuindo,
Porém, porém, sentindo-a.
Olhando para a lua
Que nem lobo no cio uivava.
Eram choros de saudades
Embriagado pela magia das nuvens
Que pela lua passavam
Ai sonhava, se embalava e com
A sua amada dançava.
Naqueles momentos
A fome chamada saudade desaparecia
Pois no balanço da lua ela surgia.
Na virada duma lua
São Jorge o presenteou
E quando se sentou
Tempo não houve para uivar
Pois ao seu lado surgiu
A Cabocla Jurema
Encantada e faceira
E o tirou pra dançar.
Dançam danças divinas
Ela uma verdadeira deusa-menina
Que encanta e faz brilhar o mais escuro dos lugares;
Ele um lobo saltitante
Que uiva de felicidade, pois não tem mais presa nenhuma.
Vivem como encantadas “jaçanãs”
Correndo e cantarolando,
E assim vão fascinando
Todos os povos da sua mata.
A fome chamada saudade cessou,
Pois fundiram suas presenças
E se fartaram no banquete do amor.