CLamor...

No afã de teu calor

eu abraço o éter,

o coração sem tento

tomado do infortúnio.

Porque tocastes os espinhos

de minha flor virgínea,

agora o sangue divino flui

tal gota amorosa.

Relicário em palavras

rosa púrpura,

é tua foice rúbida lâmina,

que me destina chaga ditosa.

Um beijo apenas

é o que te peço,

um doce remédio

a cessar penas e dores.

Desse bem

sem data ou hora,

de destino ausente

e sem juras.

Vôo súbito

de lírios gloriosos,

conhecer de razão desatinada.

Converte a dor em glória,

estende a mão gentil amante!

Cura meus espinhos penetrantes,

afaga a sede desventurada,

doe amor e doçura...

Paris, 2008

Iva Tai
Enviado por Iva Tai em 05/09/2008
Reeditado em 15/10/2008
Código do texto: T1163901
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