CLamor...
No afã de teu calor
eu abraço o éter,
o coração sem tento
tomado do infortúnio.
Porque tocastes os espinhos
de minha flor virgínea,
agora o sangue divino flui
tal gota amorosa.
Relicário em palavras
rosa púrpura,
é tua foice rúbida lâmina,
que me destina chaga ditosa.
Um beijo apenas
é o que te peço,
um doce remédio
a cessar penas e dores.
Desse bem
sem data ou hora,
de destino ausente
e sem juras.
Vôo súbito
de lírios gloriosos,
conhecer de razão desatinada.
Converte a dor em glória,
estende a mão gentil amante!
Cura meus espinhos penetrantes,
afaga a sede desventurada,
doe amor e doçura...
Paris, 2008