RENÚNCIA

Estou me desfazendo de tudo que a vida me fez e me redesenhando;

Num outro mundo me trancafiando, deixando ao leu minhas conquistas;

Gritando terra à vista sobre águas opostas a tudo que vinha navegando;

Sorrindo mesmo que sangrando, mantendo o jogo, mas trocando as fichas!

Agora meu trigo virou joio e a noite galopa num corcel em forma de manhã;

Salvo meu pecado no gosto da maçã, deixo de ser tudo aquilo que eu seria;

Estendo um tapete de lágrimas para o desfile da alegria, iludindo meu afã;

Passo a crer na paixão como um leviatã, e que antes de ti minha vida morria!

Adeus ação racional e que não mais me assedie qualquer ponderação;

Ao controle da loucura cedo minha mão, ao preço do fascínio me vendo;

Em vez de guerrear agora me rendo, abdico das fartas mesas e te contemplo meu pão;

Digo sim ao não, falando ao meu silêncio, tudo que não era agora sendo!

Sigo mudo, esquecido de ver e desnudo perante o realismo;

Voando nas asas do lirismo, renunciando a compostura do pé no chão;

Comprando com prazeres meus medos em leilão, te doando meu mar de romantismo;

Ignorando a dúvida que já nem cismo, escravizando minha sorte em teu coração!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 04/09/2008
Código do texto: T1161212
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