AMOR NÃO SE EXPLICA

Quisera ser capaz de oferecer um seguro prognóstico;

E sobre o tanto que te gosto, assegurar alguma explicação;

Conter a invasão da crônica enfermidade sem diagnóstico;

Resumir num mero acróstico toda poesia dessa imensidão!

Quisera ter palavras gigantescas, como é o meu sentir;

Quebrar as senhas desse sorrir, que estranhamente me assedia;

Essa tristeza cheia de alegria, essa fuga repleta de um nunca ir;

Ter o dom de vir, mesmo ciente que de ti jamais partiria!

Quisera emprestar razão e lógica aos rumos desse querer;

Elucidar a impotência de todo poder, visitar as fontes dessas chamas;

A febre nos lábios que tu inflamas, a vida que se apresenta num diário morrer;

Ser mais forte que esse enfraquecer, saber porque sou tão selvagem quando me domas!

Quisera entender que é preciso desistir de entender;

Que meu ser e suas edificações se consolidam na resistência a ruir;

Na solidez de um rumo qualquer poder fluir, antes que amanheça esse anoitecer;

E poder me convencer que amor não é pra se entender, mas apenas pra se sentir!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 04/09/2008
Reeditado em 04/09/2008
Código do texto: T1161074
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