AMOR NÃO SE EXPLICA
Quisera ser capaz de oferecer um seguro prognóstico;
E sobre o tanto que te gosto, assegurar alguma explicação;
Conter a invasão da crônica enfermidade sem diagnóstico;
Resumir num mero acróstico toda poesia dessa imensidão!
Quisera ter palavras gigantescas, como é o meu sentir;
Quebrar as senhas desse sorrir, que estranhamente me assedia;
Essa tristeza cheia de alegria, essa fuga repleta de um nunca ir;
Ter o dom de vir, mesmo ciente que de ti jamais partiria!
Quisera emprestar razão e lógica aos rumos desse querer;
Elucidar a impotência de todo poder, visitar as fontes dessas chamas;
A febre nos lábios que tu inflamas, a vida que se apresenta num diário morrer;
Ser mais forte que esse enfraquecer, saber porque sou tão selvagem quando me domas!
Quisera entender que é preciso desistir de entender;
Que meu ser e suas edificações se consolidam na resistência a ruir;
Na solidez de um rumo qualquer poder fluir, antes que amanheça esse anoitecer;
E poder me convencer que amor não é pra se entender, mas apenas pra se sentir!