Poema sem fim
Dorme, dorme, minha amada,
Que o teu sono é tão gostoso,
Sonha, doce namorada,
Com teu príncipe formoso
Que aos pés desta sacada,
De traje rubro, vistoso,
Torna-te muito aclamada
Recitando, glorioso,
Mil versos a ti, ó fada...
E aconselha-te, ansioso:
- Deixai a luz apagada
Que quanto mais perigoso
Mais te quero apaixonada.
É teu amor precioso
E é minha estória encantada,
Só me faço temeroso
Da manhã não convidada,
De um raio de sol, teimoso,
Expulsar a madrugada,
Deixando um cinza jocoso
Numa tão triste alvorada...
E desperto preguiçoso
Na cama desarrumada,
Volto então, esperançoso,
E vejo-te, namorada,
Em teu sono tão gostoso,
De pálpebras tão cerradas.
Dou-te um beijo carinhoso
Na face ruborizada
E parto silencioso:
- Dorme, dorme, minha amada,
Que o teu sono é tão gostoso,
Sonha, doce namorada,
Com teu príncipe formoso...