SONHANDO AMOR

Meus pulsos estão cortados e meu amor jorra chão abaixo;

Com dificuldade sustento-me aos pedaços, esperançando algum delírio;

Bebendo o ar e beijando os lírios, na feição tua em que me acho;

Eu que já fui sol agora sou facho, eu que já fui verão agora sou frio!

Lá do despenhadeiro emocional, prossigo em queda livre;

E meu fôlego sobrevive porque a ilusão lhe fez sonhar o impossível;

Que teu amor ainda é crível, que dia virá em que me sinalize;

Que deterá o meu deslize e porá fim a esse pesadelo desprezível!

Trôpego sobre as estreitas hastes dessa implosão neural;

Ando de mãos dadas com meu mal, sorvendo a busca por meu bem;

Que lá no reino de meu além, me aguarda para o reabastecimento moral;

Uma revelação confidencial, que me ilude acerca da sorte que nunca vem!

Pode fuzilar meus dias frágeis, esse matrimônio da verdade com o destino;

Pois não me guio por esse sino, que insiste me ordenando acordar;

Eu vou voar e só vou parar quando me alimentar o doce fel do desatino;

Ser esse idoso menino, que sonha com tudo que lhe foi negado amar!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 03/09/2008
Código do texto: T1159904
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