SONHANDO AMOR
Meus pulsos estão cortados e meu amor jorra chão abaixo;
Com dificuldade sustento-me aos pedaços, esperançando algum delírio;
Bebendo o ar e beijando os lírios, na feição tua em que me acho;
Eu que já fui sol agora sou facho, eu que já fui verão agora sou frio!
Lá do despenhadeiro emocional, prossigo em queda livre;
E meu fôlego sobrevive porque a ilusão lhe fez sonhar o impossível;
Que teu amor ainda é crível, que dia virá em que me sinalize;
Que deterá o meu deslize e porá fim a esse pesadelo desprezível!
Trôpego sobre as estreitas hastes dessa implosão neural;
Ando de mãos dadas com meu mal, sorvendo a busca por meu bem;
Que lá no reino de meu além, me aguarda para o reabastecimento moral;
Uma revelação confidencial, que me ilude acerca da sorte que nunca vem!
Pode fuzilar meus dias frágeis, esse matrimônio da verdade com o destino;
Pois não me guio por esse sino, que insiste me ordenando acordar;
Eu vou voar e só vou parar quando me alimentar o doce fel do desatino;
Ser esse idoso menino, que sonha com tudo que lhe foi negado amar!