O AMANTE DAS MADRUGADAS
Chego sem aviso e te olho com a força das ventanias;
Antes que se dê teu impulso por fuga, te aprisiono em meus abraços;
Calo a voz de teus pudores para dar eco aos suspiros de tuas euforias;
Qual maestro de teus gemidos em sinfonias, conduzo teu corpo com a leveza dos fados!
E a vara de condão contida em teu olhar, transforma meu beijo em mel;
Rasgando as esquinas do céu, precipitando delicias sobre o colchão;
Amor animal que se prolonga sobre o chão, que nos atrai veloz como um corcel;
Paisagem destruída pela fúria indomável dessa recíproca paixão!
Vestes retalhadas pelo ardor, almas que se alimentam de sensualidade;
Devorados pela pecaminosa vontade, salvos pela chuva do prazer;
Dois corpos a desaparecer na imensidão acasalada de sua unicidade;
Chama que vorazmente invade, cinzas de clímax contínuos a se refazer!
Somente assim as horas se assemelham aos segundos;
E a madrugada vai dizendo adeus nos meus passos de despedida;
Marcas nos corpos e na saída, convites silenciosos se tornam oriundos;
Entrada pela porta e ida pelos fundos, transgressão amanhã certamente repetida!