O AMANTE DAS MADRUGADAS

Chego sem aviso e te olho com a força das ventanias;

Antes que se dê teu impulso por fuga, te aprisiono em meus abraços;

Calo a voz de teus pudores para dar eco aos suspiros de tuas euforias;

Qual maestro de teus gemidos em sinfonias, conduzo teu corpo com a leveza dos fados!

E a vara de condão contida em teu olhar, transforma meu beijo em mel;

Rasgando as esquinas do céu, precipitando delicias sobre o colchão;

Amor animal que se prolonga sobre o chão, que nos atrai veloz como um corcel;

Paisagem destruída pela fúria indomável dessa recíproca paixão!

Vestes retalhadas pelo ardor, almas que se alimentam de sensualidade;

Devorados pela pecaminosa vontade, salvos pela chuva do prazer;

Dois corpos a desaparecer na imensidão acasalada de sua unicidade;

Chama que vorazmente invade, cinzas de clímax contínuos a se refazer!

Somente assim as horas se assemelham aos segundos;

E a madrugada vai dizendo adeus nos meus passos de despedida;

Marcas nos corpos e na saída, convites silenciosos se tornam oriundos;

Entrada pela porta e ida pelos fundos, transgressão amanhã certamente repetida!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 02/09/2008
Código do texto: T1157981
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.