Exílio do amor

É certo que em algum lugar

Há um amor que não ama

E que quase não reclama

Do companheiro desamor

Bem lá no fundo, num recanto

Há um dissimulado pranto

Um sentimento de encanto

Com certo tanto de dor

Camuflado entre as brumas

De palavras disfarçado

Há um ser em tal estado

Por entre espinhos e plumas

Há, e não se sabe o quanto

Vem repousar no acalanto

Do que lhe sobra de afeto

Seu chão é o poético manto

A apostasia é o quebranto

E o seu teto é o universo