CORAÇÃO COVARDE

Andei pelas sarjetas das saudades e tentei matar a fome de teus abraços;

Sem anestesia arranquei os estilhaços, sem pudor calei o meu desejo;

Afugentei as danças de meu festejo, imobilizei os ímpetos de meus passos;

Arranquei todas as uvas dos cachos, ceguei todos os sonhos onde te vejo!

Eu amputei nossos tentáculos e disse adeus aos nossos vínculos antigos;

Declarei guerra aos nossos olhares amigos, me induzi a te odiar;

Matei-te em mim para em ti me assassinar, me acovardei recorrendo aos riscos;

Enxuguei-me nesses chuviscos, pra não mais te chover em meu chorar!

Fiz do meu coração covarde, minha bandeira de heroísmo;

Por não poder viver desse cinismo, por não me suportar sem teu suporte;

Mesmo que o mundo me importe, sem teus lábios ele é abismo;

E que me acuse o pragmatismo, desde que me condene essa sorte!

Porque o fim de tudo sempre será um recomeço que a ti recorre;

E meu ser que morre, não cansa de nascer a cada confissão de amor;

Se for possível compreender a minha dor, ampare tua mão a lágrima que me escorre;

De ti meu coração corre, mas quando me vejo é contigo que sempre estou!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 01/09/2008
Código do texto: T1156793
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