Lua

Ganhei ontem uma lua de presente

Que me seguiu até em casa

Passei por viadutos

Que a escondiam por instantes

“Fique aí escondida” – eu desejava

Mas, ousada, ela voltava

Sempre mais viva e mais brilhante

Intensa como a dor de amar

“Bem feito” – pensei – burro eu de aceitar

Um presente que dói!

“Deixe-a ficar” – me disse uma outra voz

Então a levei para o quintal

E lá degustei toda a dor que ela me oferecia

Até que o sol implacável me cutucou e disse:

- Acorda bobão, já é dia.