OS DESAJUSTADOS
Um dia sou eu; outro, é ela ...
Que endoidece, perde a estribeira,
Falando tolice, dizendo besteira,
Colocando o romance em grave perigo!
Um dia sou eu; outro, é ela ...
Que chuta o balde, vira o jogo,
Apertando o gogó, cuspindo fogo,
Como se a gente fosse inimigo!
Um dia sou eu; outro, é ela ...
Que explode à toa, a qualquer hora,
Batendo a porta, gritando lá fora,
Num estranho gesto de selvageria!
Um dia sou eu; outro, é ela ...
Que fecha a cara, e o tempo também,
Desferindo golpes com as armas que tem,
Tumultuando o ambiente com grosseria!
Um dia sou eu; outro, é ela ...
Que é racional, e é perspicaz,
Propondo assinar um acordo de paz,
Para acabar com o feio confronto!
Um dia sou eu; outro é ela ...
Que chega com jeito, bem de mansinho,
Expressando afeto, fazendo carinho –
De novo o cenário do amor está pronto!