À beira do tempo
À beira do tempo a minha alma repousa
como se fosse um pequeno barco de
papel que flutua ao doce sabor do vento.
Talvez esteja ela à beira de
um precipício ou no velho cadafalso
de antigas histórias romanescas.
Não há mais cavalheiros, apenas
damas que, solitárias e reféns do tempo,
esperam seus regressos de uma
batalha sem fim.
E o amor?
Este se perdeu nas cruzadas da
luta diária por um sentimento
que sempre chega ao fim.
Mesmo na chegada do crepúsculo
ou da noite orvalhada que deixa a
minha alma embriagada de dor,
os resquícios do breve amor
fragmentaram-se por inteiro.
E tudo isso acontece quando me
percebo à beira do tempo.