Tu jamais perdeste a doce capacidade de amar
mesmo quando tuas inefáveis mãos foram levadas
naquele fatídico acidente que te roubou o tato
e teus dedos se perderam no caos do momento

Indiferente a essa angustiante fatalidade, teu coração
continua armazenando o sentimento de servir, de doar-se;
e quando tu levantas a mão mecânica e acaricia-me
sinto o mesmo frenesi quando de teus dedos naturais

Tuas mãos certamente não desapareceram minha amada,
elas simplesmente se tornaram docemente mecânicas,
metamorfoseadas para gestos muito mais superiores,
transcendentais, sem mácula, sem traços indelicados

Faz-me, amada, um sereno cafuné com mecânica ternura,
desliza tuas mãos fisicamente inertes em meus cabelos,
que as sente como se dedos mágicos os massageassem
porque, se elas se foram, teu lindo amor permaneceu
Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 30/08/2008
Reeditado em 30/08/2008
Código do texto: T1153213
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