Poema 0602 - Viagem
Tenho teu gosto como ornamento do corpo,
o riso que guardou depois dos meus lábios,
o espírito que roubou da minha alma,
depois do choro sem a lágrima
amor vem e toma, quebra minhas forças.
Apaguei sua estética viva do meu espelho,
limpei os pecados com os panos que vestes,
fiz ontem revoar teus desejos mais impuros,
lambuzei-me com teus sonhos, gritei teu amor,
aqui é outro mundo, eu a vida que desejo a ti.
Minha saudade faz a imaginação alçar vôos,
calei diante do mar onde saltei as ondas de areia,
por instantes vi teu corpo embrulhado na poeira da lua,
fui suficiente louco para chorar no meio da praça,
não por um instante viajei quando fui dentro do teu nu.
Que importa meus pecados se a tenho nas mãos,
apaguei as inscrições que tatuaram em teu peito,
das sentenças, sou fugitivo dos não(s) que me impõe.
Faça com que desapareça no meio do teu inferno,
queime meu corpo por dentro, diz apenas do nosso amor.
23/02/2006