OS PÁSSAROS MIGRANTES

Teus silêncios e verbos

semeando mundos

dentro de mim

os mundos esquecidos

de olhar e ver.

Pessoas, ritmos

brilhos de chuva e sol

nas folhas

nos olhos.

Essa redescoberta

da vida como ciranda

a buscar as mãos

das crianças

dos velhos

dos amantes tristes

de todos os solitários

dos parques e avenidas.

Ouvido atento

aos crepúsculos melancólicos

e a arco-íris

que ninguém mais vê.

Versos vindos de longe

buscando a primavera.

Teus silêncios

teus verbos de sábio antigo

de poeta que sonha beleza

e estende as mãos cansadas

para além dos muros

das cidades em ruína.

Do livro inédito CRAVO VERMELHO TERNO BRANCO, de 1991.