Poema 0601 - Vulto da noite
Em uma noite qualquer,
ela saiu das sombras,
um vulto negro
em um corpo de mulher,
a madrugada ia alta.
No bar ao longe uma música,
bêbados perdidos nas esquinas
e eu, solidão,
não era noite, nem inverno,
era amor que meu corpo reclamava.
Parei sobre meus pés inchados,
suas luvas pretas tocaram meu rosto,
os lábios negros tocaram os meus,
com os olhos sorrindo
lambeu minha loucura e se foi.
Joguei minha tristeza na calçada,
molhei de paixão meu andar, segui,
segui, segui aquele vulto,
enquanto fugia da minha alma negra
vestia de branco meu destino.
Éramos noite e mais nada,
eu e aquele amor bandido,
dei nomes as tristes ruas que andei,
aos corpos que me enjeitaram,
de novo amei, me fiz dia e caminhei.
22/02/2006