Poema 0600 - Eu, solidão
Amanheci em um dia qualquer,
não senti o sol,
o medo era meu companheiro constante,
alguns sonhos ainda persistem,
na boca o desejo do beijo
sem o sorriso que apagou noites atrás,
fui feliz, felizmente de verdade.
Fechei as paredes ao redor,
apaguei as luzes da cidade,
cada pensamento ia sem rumo,
até esta manhã,
até me sentir totalmente perdido,
não tenho que chorar,
na verdade não sei quando lembro de ti.
Cobri meu espelho sem tua imagem,
as marcas do meu corpo estão visíveis,
dentro e fora,
bruscamente tatuadas pelo amor,
como se anos estivessem ali queimando.
Hoje minha vida passa mais devagar,
como se morresse um pouco a cada minuto.
Esta amanhã esperei uma carta, um aviso, nada,
acho que nem leu meu recado,
sinto como se meu corpo fosse um muro
escrito para todo o mundo ler,
as palavras de amor que desenhou,
os desejos que sonhamos
até o jeito que fiquei sem te ter aqui.
Não quero lembrar aquele dia,
nenhum outro sem ti,
acho que hoje não preciso de nada,
outros abraços não têm graça,
quero os beijos, os risos no meio da madrugada,
as falsas estrelas que colei no meu céu,
os faz - de - conta que sonho são de verdade.
Tenho que sair um pouco daqui,
preciso esperar o tempo, não sei como,
não disponho da minha vida, nem do amor,
sou a luz sem a escuridão,
nada vale um sem o outro,
não me encontro, não me sinto,
sou a espera, o amor que ficou no vazio.
Amanheço frio, o dia se abre e nada mais,
as opções faltam pela primeira vez,
fico parado como se escolhesse a solidão,
nenhuma esperança, nenhum aviso,
a vida continua passando frente aos olhos,
no espelho da minha memória sua imagem,
o amor corre nas veias, o amor teu em mim.
22/02/2006