Não quero mais abraçar o dia

Não quero mais abraçar o dia, pois a dor

que me consome só me faz querer a noite.

Noite que se espalhou pela alma adentro,

buscando refúgio nas angústias sentidas.

Desde tua partida, meus dias são longos,

como são longas as mágoas que tenho

As lágrimas que fazem o percurso do meu velho

rosto se misturam à certeza de saber que o

amor, para mim, sempre foi muito e tão

somente transitório no sentir da felicidade.

A dor sim, esta sempre foi constante em

meu peito, demarcando a ferro e fogo

a pele, feito a marca tatuada

no calor do desejo.

Há muito que a alma, amortalhada desde

a despedida, fechou os olhos para o dia.

Segue velando nas noites frias da

cidade, abandonada, seguindo os passos dos mendigos

que transitam caminhos duros e incertos.

A alma não sente mais a fome das

paixões e dentro de sua sepultura de amor

jaz melancólica nas margens imprevistas da vida.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 26/08/2008
Código do texto: T1146742
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