Não quero mais abraçar o dia
Não quero mais abraçar o dia, pois a dor
que me consome só me faz querer a noite.
Noite que se espalhou pela alma adentro,
buscando refúgio nas angústias sentidas.
Desde tua partida, meus dias são longos,
como são longas as mágoas que tenho
As lágrimas que fazem o percurso do meu velho
rosto se misturam à certeza de saber que o
amor, para mim, sempre foi muito e tão
somente transitório no sentir da felicidade.
A dor sim, esta sempre foi constante em
meu peito, demarcando a ferro e fogo
a pele, feito a marca tatuada
no calor do desejo.
Há muito que a alma, amortalhada desde
a despedida, fechou os olhos para o dia.
Segue velando nas noites frias da
cidade, abandonada, seguindo os passos dos mendigos
que transitam caminhos duros e incertos.
A alma não sente mais a fome das
paixões e dentro de sua sepultura de amor
jaz melancólica nas margens imprevistas da vida.