ESPERANDO O TEU FAVOR
Teus olhos são verdes, verdes,
Como quartzo a brilhar.
São ardentes, são profundos,
Como as matas a queimar.
E em teu quarto, ó alva Musa,
Diante de ti, o escultor,
Que te contempla a tua face,
Esperando o teu favor.
Tua voz é musicata,
Que me embala em meu desejo.
Tal sereia, na Odisséia,
Tu me deixas em adejo.
E numa noite - Paulista,
Amas pura, o sonhador.
Que arrependido confessa,
Esperando o teu favor.
Teu sorriso me traz vida,
Quero estar ao lado teu.
Ó minha Musa, me perdoa.
Enrubescido estou eu.
Nas desventuras da vida,
Nas decepções de um amor,
Foi-se a noite, tem auroras,
Esperando o teu favor.
O teu seio quão formoso,
A destacar-se entre os lírios.
Que ao murmúrio das volúpias,
Intumesce em desvarios.
Cá estou em pensamento,
No teu colo, o langor.
Desejar, sonhar, perder-me,
Esperando o teu favor.
Teu amor na treva é luz,
No silêncio uma canção.
Como chama incandescente,
Aqueces-me o coração.
Eis-me aqui, somente teu,
Quer no prazer, quer na dor.
Divina Musa eu me rendo,
Esperando o teu favor.
Moses Adam
Ferraz de Vasconcelos, 24.07.2007 – 15h00
Poema baseado no “O Gondoleiro do amor”, de Castro Alves