Alva mocha

À noite entre as árvores ouço rumores
De crepitantes astros que pelo vento
São afugentados, rumo ao oceano descem
As montanhas como não confiassem
Ao alvorecer a ordem para migrar-se.

Adolesce a erva. E pelo rego a água passa
Reinicia-se o planeta feito um vocábulo
Interceptado. E do céu caem às nuvens
E arrastam-se na estrada pelas águas 
De março esburacada.

Pela murmurante folhagem atravessa
O pio duma alva mocha, sedentária amiga,
Que de pálpebras fechadas vigia o planeta
Desamparado nessa luta a vida descambada.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 24/08/2008
Reeditado em 24/08/2008
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