LOUCA PETIÇÃO

Creia-me quando eu mentir e se permita aos meus furtos;

Que te alcancem meus braços curtos, que teu mar me desertifique;

Que a tua indiferença te certifique que habito na luz de teus surtos;

Pois pulo teus muros, mesmo que tua cerca me eletrifique!

Olha-me agora, porque estou nadando nas retinas de tua cegueira;

Banhando em tua fogueira, correndo e voando em teu marasmo;

Surpreende meu ego pasmo, pulando irresoluta em sua lareira;

Dá-me tua sábia besteira, pois tudo que te advém me é entusiasmo!

Bate com força na minha face, parte pra agressividade de teu beijo;

Mostra-me de ti o que não vejo, faz alusão ao teu diálogo sem voz;

Troca-te por nós, contraria de uma vez a lei que não almejo;

Juro que nem me mexo, se teu corpo me for algoz!

Se for assim, faremos fato sem as tintas da história;

Faremos vereda sem trajetória, seremos céu sem ser altura;

E nos violentaremos de ternura e estupraremos a glória;

Sem futuro e sem memória, doentes de tanta cura!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 22/08/2008
Reeditado em 24/08/2008
Código do texto: T1140529
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