LOUCA PETIÇÃO
Creia-me quando eu mentir e se permita aos meus furtos;
Que te alcancem meus braços curtos, que teu mar me desertifique;
Que a tua indiferença te certifique que habito na luz de teus surtos;
Pois pulo teus muros, mesmo que tua cerca me eletrifique!
Olha-me agora, porque estou nadando nas retinas de tua cegueira;
Banhando em tua fogueira, correndo e voando em teu marasmo;
Surpreende meu ego pasmo, pulando irresoluta em sua lareira;
Dá-me tua sábia besteira, pois tudo que te advém me é entusiasmo!
Bate com força na minha face, parte pra agressividade de teu beijo;
Mostra-me de ti o que não vejo, faz alusão ao teu diálogo sem voz;
Troca-te por nós, contraria de uma vez a lei que não almejo;
Juro que nem me mexo, se teu corpo me for algoz!
Se for assim, faremos fato sem as tintas da história;
Faremos vereda sem trajetória, seremos céu sem ser altura;
E nos violentaremos de ternura e estupraremos a glória;
Sem futuro e sem memória, doentes de tanta cura!