A MUSA DOS SONETOS
Sobre a passarela das letras, lá vem ela a lindamente desfilar;
Pra sonegar-me o ar, pra endoidecer o que me resta de juízo;
Pra num abstrato olhar me dar aviso, que em meus sonhos logo estará;
E me arrebatar aos ritmos cruéis de seus quadris – meu paraíso!
Todas as flores do mundo são gotas de sua formosura;
Veio ao mundo e assim nasceu a loucura, ela adormece e a noite bate palmas;
É a concretização do mito das fadas, é o alvo de minhas juras;
Luz de minhas agruras, a mais avassaladora de todas as almas!
Sonetos são funcionários de todo fascínio que ela justifica;
Mulher tamanhamente rica, que enobrece cada metro perpassado;
Porque é lua que deixa o sol enciumado, por onde anda seu ouro fica;
Que o meu olhar petrifica e cujo sorriso faz o entardecer pouco notado!
Te dou meus versos por redoma, te reclamo pra ser-me dona;
Porque teu mel joga-me na lona, e não tem piedade dos meus impulsos;
Indisponho de quaisquer recursos pra fugir ao teu seduzir que me doma;
Tua beleza me põe em coma, por isso és derramada por meus pulsos!