POEMA DE UM OLHAR PERDIDO
Ainda ontem
Quando te vi e ouvi
Encontrei – novamente – em mim mesmo
Aquele velho – porém – menino sentimento
E teu olhar – à distância – se dirigindo ao meu
Revelava o teu desejo visto – mas – não enxergado
E nesse abismo – de trinta centímetros – vertiginoso
Que nos separa
Do real e do possível [intercalando o (ir) e (im)]
Continuamos a sufocar nosso super-id
Negando o suor do perder-se em si
Para continuar espreitando – em distância – um só
Acreditando na impossibilidade – a um passo – do toque
Confiamos no não-querer e não no seu contrário
E com isso partimos para a realidade – que faz:
– suspirar e continuar e acentuar e tanger e aprender e esquecer e sufocar –
...
E pensar que ainda ontem
Tão perto e tão longe
estava eu – estava você – estávamos nós
simplesmente – e por auto-vontade – a sós