A ESCULTURA
Custo acreditar no que avisto quando te vejo;
O irretocável desenho do desejo, a musicalidade de uma lira;
O acerto do fascínio na mira, uma primavera habitando num beijo;
Um paraíso abaixo do queixo, céu azul que no teu rosto se inspira!
Não tenho forças pra abdicar dessa contemplação;
Passaria o dia sem hesitação, estacionado diante dessa paisagem;
Será que tu és de verdade? Seria a mais requintada fantasia em projeção?
Preciso te sentir na mão, pra desacreditar que tanta perfeição não seja miragem!
Não vejo uma só imperfeição por todo o conjunto de tua obra;
O que a tantas falta tens de sobra, como num cálice transbordante;
Até o teu inverso é fascinante, a sedução em ti também transborda;
Escorrem-te delicias pelas bordas, é fábrica de paixões o teu semblante!
Definitivamente não és mulher normal, ó exagero escultural;
Tu és visão excepcional, pedaço longo de um frondoso paraíso;
Elevado fenômeno conciso, um delicioso sonho floral;
Tu és um provocante vendaval, que sem nenhuma dó arrasta o meu juízo!