O Cavaleiro
O frio me corta a pele nua,
Sou só carne, sem a tua.
Sou o corpo morto de um soldado errante
Buscando sua musa que jaz distante.
O céu outrora azul e belo
Agora se faz negro, pedra,
Como se aparasse minha queda
A ponta fria de um martelo.
Mas luto e não esmoreço,
Se preciso mato e morro.
Minha honra não tem preço,
Não há gritos de socorro.
Minha lança está em riste,
E minha espada embainhada,
E me lanço um pouco triste
Nesta longa caminhada.
Pela dor com que partiste
Vou buscá-la, minha amada.
Ser herói não vai ser fácil,
Vou morrer ou ser ferido.
Mas hei de salvar-te do negro ócio
Atendendo a teu pedido.
Princesa-Luna por teus olhos
Faço tudo nesta vida.
Não te esqueças, ó querida,
De manter-me vivo
Em teus sonhos.