Poema vermelho
O tecido negro que cobre meu peito é a
metáfora poética da dor que ainda sangra.
A ferida aberta tinge o branco do papel e
transforma os versos em um poema vermelho,
retinto no sangue que brota da alma.
Ainda estou recolhida no luto das emoções partidas,
buscando não mais crer no amor.
É como se o passado viesse nas asas
do vento e fizesse retirar de meu
peito as cinzas das belas rosas
envelhecidas pelo tempo,
repletas de tuas antigas
lembranças adormecidas em mim.
O amor, cruel algoz de sentimentos
não correspondidos, fez em mim
a morada solitária e dorida da
desilusão e da angústia.
Aqui, onde escrevo esse poema
vermelho, a tinta que uso é
o sangue da alma que ainda hoje chora.