A musa e o poeta

Inicio de primavera, os jardins castigados pelas geadas exibiam marcas cinzentas de um longo e tenebroso inverno.

O poeta apaixonado entregou a sua amada três poemas inspirados na saudade e solidão das noites frias que em vigília sonhara com seu amor.

Ela após breve silêncio disse-lhe: "São lindos mais desejaria que não fossem para mim !" como se ela sua musa inspiradora fosse uma coisa ruim.

O poeta perplexo não sabia o que dizer, atordoado e mudo , sua sensibilidade dizia-lhe que em suas poesias já havia dito tudo.

Estava ele ali diante da mulher que representava tudo de bom que da vida havia esperado, a fonte de sua inspiração que agora falava em culpa e tentava transformar seu amor em tristeza e pecado.

O poeta tristonho refletia tentando encontrar seu erro , se é que havia , e não encontrando resposta , mais se perdia.

Sua alma "falava" mais forte, estava ali a mulher de seus sonhos, aquela que noite e dia desejara ardentemente ter em seus braços...

Afagar seu corpo dourado,

beijar seus lábios rosados,

conduzir ao êxtase da suprema felicidade

por veredas sublimadas, pelo amor iluminadas.

E a cada recusa de sua musa o poeta repetia...

Eu te amo! Eu te amo! mulher poesia.

Ele sabia que o amor é magnânimo,

transcende a todo mau,

é o mais sublime dos sentimentos,

por si só angelical.

Ela perguntou-lhe: o que posso fazer para te confortar...

O poeta pensou em dizer-lhe,

deixa-me tão somente te amar,

dá uma chance a nos dois,

prova de meu imenso carinho,

tenho certeza de que vais adorar.

Mas, conteve-se pois estava magoado, desorientado, sem forças para falar.

Então num gesto desesperado de tristeza e de dor, recolheu suas poesias de amor , as fez em mil pedaços e na estrada jogou.

Nesse instante o sol se ocultou, o céu ficou repleto de nuvens cinzentas e em forma de chuva, pelo poeta chorou.

Site do autor:

www.luzdapoesia.com

FalcaoSR
Enviado por FalcaoSR em 15/04/2005
Reeditado em 09/04/2010
Código do texto: T11359
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