Festa

De vez em quando ouço alguém tocando saxofone

ao lado de minha janela e o pensamento

desliza suave entre a agonia e o vento.

A música, então, faz festa na alma

com acordes desconhecidos trazidos

pelo mesmo vento que toca as

cortinas da janela e recria no

espaço pequeno da casa um romantismo

abusado e sempre bem-vindo.

E meu espírito se veste galantemente para

receber o saxofonista da rua

que nesta noite tocará apenas e

tão somente para mim.

No repertório, músicas de amor.

De um amor que há muito abandonou

o peito e inda se faz presente

como marca indelével da dor de um

outro velho amor que ficou no passado.

Mas hoje é dia de festa em minha alma...

Nada de tristezas ou lembranças doloridas.

Nessa noite sem estrelas e luar, finjo

que sou a poesia e você,

meu verso de outrora, o amor

que convidei para a festa

que acontece somente na memória.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 18/08/2008
Código do texto: T1133287
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