O sertão que há em mim

O sertão que há em mim brotou do solo

agreste, quando de tua partida.

Foi nascendo com as cores ocres

da angústia trazida pela

ferida ainda não cicatrizada

que sangra sempre que

você me vem à memória.

Não há mais as aves de arribação

que migraram para outras

regiões dentro de mim, repartida

em duas pela dor da separação.

Esse sertão inóspito é acalentado

pelo canto da ave solitária que

vaga na imensidão da alma

e, cansada, se aquieta no

recôndito do peito, onde o

silêncio tange melodias de

funerais e choro de carpideiras.

É o sertão da seca que

estrangula a garganta e tenta

reter um grito de desespero na

certeza do amor que não

mais volta, pois perdido foi

na passagem do tempo.

O sertão que há em mim vem

da dor curtida e dilacerada

que fragmenta toda a minha

alma inefavelmente tocada por você.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 18/08/2008
Código do texto: T1133282
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