Enquanto você partia

Enquanto você partia, recolhi os destroços da

alma e refugiei-me no esquecimento

da dor que impiedosamente

me dilacerava.

Fechei a porta da casa agora vazia

e todas as janelas por onde o

sentimento pudesse simplesmente

escoar através dos

olhos feridos.

Sangrei profundamente por dias

a fio e ainda hoje tua

lembrança me dói como se

você sempre voltasse a

revirar as cinzas ou

mesmo reabrir a velha ferida.

Desacreditei-me de uma forma

tão brutal que pouco a pouco

transformei-me em um mero

rascunho, na imagem do fantasma que

habita castelos antigos ou

passagens obscuras de um

limbo onde o amor se perdeu.

Ainda é a dor antiga que alimenta

minha poesia feito o sangue que

corre insone pelo meu corpo,

orvalhando minhas veias.

Sepultei as vestes brancas de

uma inocência perdida,

passando a usar trajes negros

como a noite sem lua e estrelas

que se veste de melancolia sempre

que lembro de mim

enquanto você partia.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 17/08/2008
Código do texto: T1132837
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