O EPÍLOGO DO MEU RELÓGIO SENTIMENTAL

Ando a fazer de conta

Às minhas horas líricas

E não sei se tal

Me faz mal

Tenho que dar corda

Ou trocar de pilhas

Pois isto bem pode ser

O epílogo do meu relógio sentimental

Coisas que eu vi

E que medi

Da maneira errada

Porque essa é a sina

Ou a forma de estar

De uma alma apaixonada

O tempo não é tempo

E passa mais depressa

Do que devagar

Pois nunca se está bem

Com a sua forma de estar

A noite é escura

Mas diferentemente bela

Na lógica

De que a que brilhar mais

É a minha estrela

A culpa

Será

Do mecanismo

De actuação

Da pilha que mal funciona

Fazendo assim

Errar

O coração

Por isso

Decidi

Trocar de aparelho

Mudar de amor

Para outro

Que trabalhe ao mesmo ritmo sensorial

Que eu

Eterna busca

Não da perfeição amorosa

Mas sim por uma pessoa

Que me faça mais bem

Do que mal, isso é mecanicamente necessário

Digitalmente fundamental

Nem que esteja

No fundo do espaço

Ou do tempo

Este é desta forma

O epílogo do meu relógio sentimental

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 12/08/2008
Código do texto: T1124614
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