O EPÍLOGO DO MEU RELÓGIO SENTIMENTAL
Ando a fazer de conta
Às minhas horas líricas
E não sei se tal
Me faz mal
Tenho que dar corda
Ou trocar de pilhas
Pois isto bem pode ser
O epílogo do meu relógio sentimental
Coisas que eu vi
E que medi
Da maneira errada
Porque essa é a sina
Ou a forma de estar
De uma alma apaixonada
O tempo não é tempo
E passa mais depressa
Do que devagar
Pois nunca se está bem
Com a sua forma de estar
A noite é escura
Mas diferentemente bela
Na lógica
De que a que brilhar mais
É a minha estrela
A culpa
Será
Do mecanismo
De actuação
Da pilha que mal funciona
Fazendo assim
Errar
O coração
Por isso
Decidi
Trocar de aparelho
Mudar de amor
Para outro
Que trabalhe ao mesmo ritmo sensorial
Que eu
Eterna busca
Não da perfeição amorosa
Mas sim por uma pessoa
Que me faça mais bem
Do que mal, isso é mecanicamente necessário
Digitalmente fundamental
Nem que esteja
No fundo do espaço
Ou do tempo
Este é desta forma
O epílogo do meu relógio sentimental