Se não for noite

Se não for noite, quando tu vieres,

talvez meu desejo não se inflame

por sobre as pétalas vermelhas

adormecidas no lençol branco.

Talvez o barulho da rua,

o movimento de carros e

pessoas apaguem um pouco

do clima, estremeça menos a

minha pele e faça o grito

morrer na garganta, tolhido

pela claridade do dia

que se quis noite.

Se não for noite,

quando tu vieres,

talvez o vinho não surta

o efeito desejado e me

convença de que realmente

serei tímida diante de ti.

Quiçá o belo da tarde se

transforme em fera...

Mas as feras costumam

atacar suas presas

nas brumas da noite.

Ah! Noite...

Derrama sobre mim tua

escuridão e faz com que

o homem desejado esqueça

o dia e te venere no

corpo da amada sequiosa

por tê-lo entre os braços.

Se não for noite,

mesmo e ainda assim

te espero na cama

há muito vazia,

na carne há muito intocada,

em mim há muito esquecida.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 11/08/2008
Código do texto: T1123431
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