Se não for noite
Se não for noite, quando tu vieres,
talvez meu desejo não se inflame
por sobre as pétalas vermelhas
adormecidas no lençol branco.
Talvez o barulho da rua,
o movimento de carros e
pessoas apaguem um pouco
do clima, estremeça menos a
minha pele e faça o grito
morrer na garganta, tolhido
pela claridade do dia
que se quis noite.
Se não for noite,
quando tu vieres,
talvez o vinho não surta
o efeito desejado e me
convença de que realmente
serei tímida diante de ti.
Quiçá o belo da tarde se
transforme em fera...
Mas as feras costumam
atacar suas presas
nas brumas da noite.
Ah! Noite...
Derrama sobre mim tua
escuridão e faz com que
o homem desejado esqueça
o dia e te venere no
corpo da amada sequiosa
por tê-lo entre os braços.
Se não for noite,
mesmo e ainda assim
te espero na cama
há muito vazia,
na carne há muito intocada,
em mim há muito esquecida.