Véu da Noite

Impera o silêncio pelo véu da noite...

Passeia pelo lúgubre reino escuro

Um tênue e tímido olhar de luz...

Olhos quase cerrados... Profundos...

Do fundo do mundo... Nas cavernas

Platônicas presos em elos pelos punhos

Que sangram sobre os murais de pedras

Regando as flores do vale que vicejam

Atrás das silhuetas dos montes gigantes

Gregos onde as lindas ninfas se beijam

E o deus Sol se esconde...

Sim... Sou folha ressequida pelo tempo

Com meus cabelos revoltos pelo vento,

Sem um acampamento ou uma morada...

Perdido pelos jardins de camélias pálidas,

Sobrevivendo apenas do pouco pó suculento

De minhas asas sempre douradas luminosas,

Correndo todo universo num minuto apenas,

Percorrendo tudo com as minhas poderosas,

Porém, confesso, extremamente pequenas,

Entretanto, muito bem sintonizadas,

Antenas..

Tenho como alimento somente a aurora

Na busca incessante do Amor menino,

Puro, verdadeiro, um anjinho com asas,

Tendo o manto azul do céu cristalino

Como minha perpétua e segura casa...

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 10/08/2008
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