Na quarta- feira de cinzas
Na quarta-feira de cinzas despi minha
fantasia de Colombina que
esteve nos quatro dias de
carnaval à procura do Pierrô.
Triste e meiga Colombina que
volta pra casa trazendo nas
mãos um coração ferido
e nos olhos lágrimas de dor.
A folia passou, a música
parou e o Pierrô se
perdeu entre os últimos
confetes e serpentinas da avenida.
Chora, Colombina!
Derrama de teus olhos os
momentos de amor que
para aquele ingrato
ofertou como um jardineiro
que colhe a suavidade da
rosa e esquece os espinhos.
Na quarta-feira de cinzas
a Colombina despe a fantasia e,
novamente vestida – ou será despida? – agora
de Bacante, sonha com alegorias
roxas para o pós-carnaval.