A angústia da espera
A angústia da espera recobre a
minha alma como se
fosse o véu de Maia.
Busco um poema e no poema
encontro você tão distante
que a dor se reveste de
uma passagem para além
do que há em mim.
O relógio martiriza essa
angústia, tocando lentamente
a sonoridade das horas que
não passam, refletindo em mim
o espelho frio da incerteza
de não saber se você ainda me deseja.
Não existem mais pétalas
no bem-me-quer.
Agora desfolho a saudade
que se faz presente no
meu peito como se fosse
uma alegoria de carnaval.
Penso onde andará você
na agitação que ferve a
cidade, trazendo a velha
incerteza do que será
de nós após a quarta-feira
de cinzas.