O silêncio de tuas palavras
O silêncio de tuas palavras
confrange a alma
e anestesia o corpo como
se fosse um castigo do Mestre
aplicado a uma Serva suplicante.
Não são versos de amor que
suscitam tuas palavras.
Antes são nuances da lúxuria
que se espalha pelo corpo
provocando a combustão
de todos os sentidos.
Na festa da carne “a minha
carne também precisa de festa”.
Vejo a noite que se desnuda
na claridade do dia
entorpecer meus olhos
alfitos, pisados e ávidos por
ler na tela fria tuas
palavras insanas, o rascunho
momentâneo do teu desejo
expresso por mim.
A pele há muito intocada
do meu corpo quer se deixar
pintar em um “quadro de luzes roxas
feito com pinceladas fortes
de paixão extremada”,
ao toque de tuas mãos.
O silêncio de tuas palavras
tange no peito melodias
dissonantes, enquanto tento
com “rimas trêmulas” dizer
que te quero tanto ou
mais que qualquer tanto.