A máscara da Poetisa

Como Tântalo, fui obrigada a ver

os frutos do prazer e

jamais levá-los à boca.

Tu me oferecias uma maçã,

a metáfora do fruto proibido

que se converte no desejo

carnal ressoando em mim.

Passei dias e noites diluída

em uma onda de desejo,

queimando a carne e levando

a alma aos suplícios do

amor não concretizado.

Agora consigo pousar os pés

no chão e ver diante de mim

a realidade do que não fomos.

Você se converteu em desejo

proibido, a pevide que minhas

mãos não ousaram tocar

e meus lábios, antes

sedentos, desistiram de saborear.

Não sou mais a Bacante

oferecida e desejada.

Coloquei de volta a máscara

da Poetisa e tento fazer

a pena deslizar na pureza

do papel sem macular o meu corpo.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 08/08/2008
Código do texto: T1118674
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