A máscara da Poetisa
Como Tântalo, fui obrigada a ver
os frutos do prazer e
jamais levá-los à boca.
Tu me oferecias uma maçã,
a metáfora do fruto proibido
que se converte no desejo
carnal ressoando em mim.
Passei dias e noites diluída
em uma onda de desejo,
queimando a carne e levando
a alma aos suplícios do
amor não concretizado.
Agora consigo pousar os pés
no chão e ver diante de mim
a realidade do que não fomos.
Você se converteu em desejo
proibido, a pevide que minhas
mãos não ousaram tocar
e meus lábios, antes
sedentos, desistiram de saborear.
Não sou mais a Bacante
oferecida e desejada.
Coloquei de volta a máscara
da Poetisa e tento fazer
a pena deslizar na pureza
do papel sem macular o meu corpo.